Quem está atento as inovações, muito provavelmente já deve ter notado que, pouco a pouco, a imagem sobre como são as fábricas está mudando. Ao invés de operações e linhas de produção manuais, por exemplo, estamos cada vez mais acostumados à ideia de espaços repletos de robôs e máquinas automatizando as tarefas. Esse movimento tem nome: é a Indústria 4.0, movimento que vem revolucionando a forma como as empresas desenvolvem, produzem e distribuem seus produtos por meio de recursos de automação industrial e da integração das mais importantes tecnologias emergentes, incluindo atualmente conceitos como Internet das Coisas (IoT – de Internet of Things, em inglês), Inteligência Artificial (IA), Big Data e Computação em Nuvem, entre outros.
O que poucos já perceberam, no entanto, é que, além de "fábricas inteligentes", a Indústria 4.0 é uma revolução também sob o ponto de vista do papel da cibersegurança dentro das companhias. A comunicação entre dispositivos, novos sistemas de automação e, principalmente, o avanço da Nuvem e da conexão 5G permitem melhores níveis de eficiência e flexibilidade nas operações – mas também podem servir como possíveis facilitadores para ataques maliciosos.
Não por acaso, hoje, a cibersegurança é tida como uma das grandes prioridades para a sustentação das companhias de manufatura, ao lado de conceitos como conectividade e desenvolvimento de novos produtos.
Pesquisas do Gartner, por exemplo, indicam que 88% dos líderes de negócios de empresas da área industrial veem o risco relacionado à segurança cibernética como um risco comercial, e não apenas um risco tecnológico. Além disso, 51% dos entrevistados sofreram um incidente de risco de segurança cibernética nos últimos dois anos – número que vem aumentando paulatinamente, à medida que as fábricas ganham escala em seus projetos de automação e integração tecnológica.
A cibersegurança, portanto, já é uma preocupação essencial para o andamento dessa nova revolução industrial, tanto pela importância dos dados em circulação dentro das linhas de fabricação (projetos, fornecedores, grades de programação etc.) quanto pela própria operação e disponibilidade das máquinas, sensores e equipamentos envolvidos nos processos. De acordo com o Gartner, por exemplo, até 2025, os ciberatacantes serão capazes de usar os ambientes de redes industriais (OT) para prejudicar ou colocar vidas em risco.
Diante desse cenário, o que as lideranças devem fazer para garantir o sucesso de suas jornadas de inovação rumo à Indústria 4.0 e, ao mesmo, mitigarem as ameaças? A primeira ação é colocar a cibersegurança como um ativo que permeie os planos estratégicos. Uma equipe com especialistas em segurança cibernética precisa fazer parte da estratégia para ajudar no desenvolvimento de projetos mais assertivos e para facilitar o gerenciamento e na resposta imediata a incidentes ou na busca de ameaças.
Vale destacar, aliás, que essa política de proteção deve ser constante – assim como é a mensuração dos resultados de um negócio -, pois nunca se sabe onde e como um ataque pode surgir. Para tornar as operações mais seguras, é recomendável implementar um abrangente plano de soluções de segurança cibernética, incluindo firewalls, sistemas de detecção de intrusão, gerenciamento de identidade e autenticação forte. Outra abordagem é usar protocolos de comunicação seguros, como o TLS, ou redes privadas virtuais (VPNs) para proteger os dados transmitidos entre os dispositivos, afinal de contas eles são ativos importantes e devem receber atenção máxima.
Paralelamente, é necessário também treinar os colaboradores para saberem como evitar vulnerabilidades e o que fazer em caso de ciberataque. Além disso, é importante que as equipes de Tecnologia e Segurança da Informação estejam preparadas para monitorar as operações continuamente e até nos mínimos detalhes para detectar qualquer comportamento anormal ou atividade maliciosa – e para fazerem backups regulares dos dados e configurações dos sistemas para que eles possam ser restaurados rapidamente em caso de falha.
Afinal de contas, a Indústria 4.0 tem o potencial de revolucionar a manufatura e a produção, mas é importante que todos estejam cientes dos riscos e da importância da segurança cibernética para proteger as operações e pessoas nesses novos tempos hiperconectados e cada vez mais inteligentes. Neste cenário, as lideranças de cibersegurança têm um papel vital para permitir que os times e linhas de produção tenham sempre a máxima disponibilidade e performance que necessitam. A boa notícia é que não faltam soluções e abordagens para ajudar empresas e colaboradores nessa missão. Basta apenas conferir quais marcas farão seus movimentos para incluir que a segurança cibernética apoie e potencialize a revolução que a era digital está trazendo às Indústrias. O tempo está correndo.
Lucas Pereira, Diretor de Produtos da Blockbit.